sábado, 2 de março de 2013

A Abordagem Instrumental no Brasil: um projeto, seus percursos e seus desdobramentos. - Cap. 1


CELANI, Maria Antonieta Alba; Maximina M. FREIRE & Rosinda de Castro Guerra RAMOS (orgs). 2009. A Abordagem Instrumental no Brasil: um projeto, seus percursos e seus desdobramentos. Campinas: Mercado de Letras; São Paulo: EDUC, 2009.

Cap. 1 - Revivendo as aventuras: desafios, encontros e desencontros - Maria Antonieta Alba Celani (pg. 17-31)

Neste capítulo a Profª Celane faz uma narrativa histórica e sua avaliação pessoal como coordenadora do Projeto Nacional Ensino de Inglês Instrumental em Universidades Brasileiras (ESP). Este Projeto marca o início do ensino-aprendizagem instrumental no Brasil, seu objetivo era capacitar pesquisadores brasileiros e professores que necessitavam aprimorar o uso do Inglês.  
Destaco algumas palavras usadas pela Profa Celane para descrever as “linhas diretrizes” do Projeto:

Inovação  -  segundo a autora, o Projeto foi marcado pela inovação, pois optou-se por não seguir nenhum modelo de projetos que já haviam sido realizados em outros países mas sim por “correr o risco” de ir desenvolvendo o Projeto a medida que este avançava.

Ousadia – a disponibilidade para mudanças e descobertas permitiu novas experimentações.

Diversidade - houve o cuidado de respeitar as diferentes identidades culturais das universidades participantes do Projeto, valorizando os contextos locais e conhecimento/experiências prévias destas instituições.

Rompimento - Algumas crenças vigentes na época em relação ao ensino-aprendizagem de Inglês foram desfeitas como, por exemplo, somente alunos com  determinado grau de proficiência no idioma seriam capazes de lidar com um texto “não-didático”, o Português não era usado na sala de aula de língua estrangeira.

Para a Profª Celane, os resultados mais significativos deixados pelo Projeto são:


  • Aprendizagem com um propósito definido e desenvolvimento de estratégias de aprendizagem;
  • Necessidades de aprendizagem definidas pelo contexto;
  • conteúdos, materiais didáticos e metodologias baseadas nas “razões para - aprender” (pg. 23);
  • melhora na auto-estima do professor de ESP;
  • contribuição para a teoria e prática na área de formação de professores e na área de ensino de línguas para fins específicos  e também na área de ensino de línguas para fins gerais.
  • Adesão de professores de outras línguas ao Programa;
  • “despertar a percepção de que a língua em si não é o objeto da aprendizagem, mas sim o produto da atuação recíproca entre o aprendiz e o “mundo grande e comum””. (pg. 25)

Ações futuras:
Redefinição e ampliação do conceito de necessidades, tendo em vista o contexto e a função social da língua;

Histórico do Projeto:
Fase I: 1978 - 1980
1977 – Maurice Broughton, professor visitante no LAEL inicia vista a 20 universidades brasileiras com o objetivo de identificar interesses e necessidades.
1979 – são realizados 4 seminários em Porto Alegre, Uberlândia, João Pessoa e São Paulo.
Fase II: 1980-1985
1980-1984 – o Projeto passa a ser administrado pela PUCSP e pelo British Council . O governo britânico, além do auxílio financeiro, proporciona a vinda de três especialistas residentes para auxiliarem na capacitação de docentes, elaboração de material didático e pesquisas, são eles: Michael R. Scott, Anthony F. Deyes e John L. Holmes. Os dois últimos se estabelecem no LAEL e Michael R. Scott fica responsável pelo Projeto na região Sul do Brasil e se instalando-se na Universidade Federal de Santa Catarina.
1980 – É realizado o primeiro seminário nacional que foi marcado por decisões que nortearam toda a trajetória do Projeto: “não produzir um livro didático, respeitar a diversidade e as culturas locais, dar autonomia às universidades envolvidas na escolha de coordenadores e de professores participantes, fazer autoavaliação em algum momento do Projeto.” (pg. 19)
1985-1989 – A Escolas Técnicas Federais (ETF) aderem ao Projeto conferindo-lhe amplitude nacional e melhor definição de seus objetivos. O governo britânico estende seu patrocínio para mais cinco anos. Somente dois  especialistas continuam no Projeto - John L. Holmes e Michael R. Scott.
Na fase II do projeto são criadas algumas publicações: Working Papers, Resource Packages (para auxiliar na capacitação docente), Newsletter (boletim mensal direcionado ás instituições participantes) e the ESPecialist (periódico especializado na área de ensino-aprendizagem instrumental). Hoje, somente a revista the ESPecialist continua ser produzida.  É também criado o Centro de Pesquisas, Recursos e Informação em Leitura.
1990 – O Projeto é extinto mas diversas atividades de pesquisa relacionadas à área de ensino-aprendizagem instrumental continuam sendo desenvolvidas pelos membros da equipe do Projeto. 


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