CELANI, Maria Antonieta Alba; Maximina M. FREIRE &
Rosinda de Castro Guerra RAMOS (orgs). 2009. A Abordagem Instrumental
no Brasil: um projeto, seus percursos e seus desdobramentos. Campinas:
Mercado de Letras; São Paulo: EDUC, 2009.
Cap. 1 - Revivendo as aventuras: desafios, encontros e
desencontros - Maria Antonieta Alba Celani (pg. 17-31)
Neste capítulo a Profª Celane faz uma narrativa histórica e
sua avaliação pessoal como coordenadora do Projeto Nacional Ensino de Inglês
Instrumental em Universidades Brasileiras (ESP). Este Projeto marca o início do
ensino-aprendizagem instrumental no Brasil, seu objetivo era capacitar
pesquisadores brasileiros e professores que necessitavam aprimorar o uso do
Inglês.
Destaco algumas palavras usadas pela Profa Celane para
descrever as “linhas diretrizes” do Projeto:
Inovação - segundo
a autora, o Projeto foi marcado pela inovação, pois optou-se por não seguir
nenhum modelo de projetos que já haviam sido realizados em outros países mas
sim por “correr o risco” de ir desenvolvendo o Projeto a medida que este
avançava.
Ousadia – a
disponibilidade para mudanças e descobertas permitiu novas experimentações.
Diversidade - houve o
cuidado de respeitar as diferentes identidades culturais das universidades
participantes do Projeto, valorizando os contextos locais e conhecimento/experiências
prévias destas instituições.
Rompimento - Algumas
crenças vigentes na época em relação ao ensino-aprendizagem de Inglês foram
desfeitas como, por exemplo, somente alunos com determinado grau de proficiência no idioma
seriam capazes de lidar com um texto “não-didático”, o Português não era usado
na sala de aula de língua estrangeira.
Para a Profª Celane, os resultados mais significativos
deixados pelo Projeto são:
- Aprendizagem com um propósito definido e desenvolvimento de estratégias de aprendizagem;
- Necessidades de aprendizagem definidas pelo contexto;
- conteúdos, materiais didáticos e metodologias baseadas nas “razões para - aprender” (pg. 23);
- melhora na auto-estima do professor de ESP;
- contribuição para a teoria e prática na área de formação de professores e na área de ensino de línguas para fins específicos e também na área de ensino de línguas para fins gerais.
- Adesão de professores de outras línguas ao Programa;
- “despertar a percepção de que a língua em si não é o objeto da aprendizagem, mas sim o produto da atuação recíproca entre o aprendiz e o “mundo grande e comum””. (pg. 25)
Ações futuras:
Redefinição e ampliação do conceito de necessidades, tendo em
vista o contexto e a função social da língua;
Histórico
do Projeto:
Fase I: 1978 - 1980
1977 – Maurice Broughton, professor visitante no LAEL inicia
vista a 20 universidades brasileiras com o objetivo de identificar interesses e
necessidades.
1979 – são realizados 4 seminários em Porto Alegre,
Uberlândia, João Pessoa e São Paulo.
Fase II: 1980-1985
1980-1984 – o Projeto passa a ser administrado pela PUCSP e
pelo British Council . O governo britânico, além do auxílio financeiro,
proporciona a vinda de três especialistas residentes para auxiliarem na
capacitação de docentes, elaboração de material didático e pesquisas, são eles:
Michael R. Scott, Anthony F. Deyes e John L. Holmes. Os dois últimos se
estabelecem no LAEL e Michael R. Scott fica responsável pelo Projeto na região
Sul do Brasil e se instalando-se na Universidade Federal de Santa Catarina.
1980 – É realizado o primeiro
seminário nacional que foi marcado por decisões que nortearam toda a trajetória
do Projeto: “não produzir um livro didático, respeitar a diversidade e as
culturas locais, dar autonomia às universidades envolvidas na escolha de
coordenadores e de professores participantes, fazer autoavaliação em algum
momento do Projeto.” (pg. 19)
1985-1989 – A Escolas Técnicas Federais (ETF) aderem ao Projeto
conferindo-lhe amplitude nacional e melhor definição de seus objetivos. O
governo britânico estende seu patrocínio para mais cinco anos. Somente dois especialistas continuam no Projeto - John L.
Holmes e Michael R. Scott.
Na fase II do projeto são criadas
algumas publicações: Working Papers,
Resource Packages (para auxiliar na capacitação docente), Newsletter (boletim mensal direcionado
ás instituições participantes) e the
ESPecialist (periódico especializado na área de ensino-aprendizagem
instrumental). Hoje, somente a revista the
ESPecialist continua ser produzida.
É também criado o Centro de Pesquisas, Recursos e Informação em Leitura.
1990 – O Projeto é extinto mas diversas atividades de
pesquisa relacionadas à área de ensino-aprendizagem instrumental continuam
sendo desenvolvidas pelos membros da equipe do Projeto.
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