sexta-feira, 1 de março de 2013

ESP - A learning-centred approach



English for Specific Purposes
A learning-centred approach
Tom Hutchinson and Alan Waters (1987)

O foco do design do curso de ESP está nas necessidades dos alunos e como qualquer outra forma de ensino de línguas está preocupado com a aprendizagem.  ESP [ou Abordagem Instrumental como é conhecido no Brasil], entretanto, está preocupado por que  (what)  o aprendiz/aluno precisa aprender e não como (how) ele aprende. ESP  envolve, portanto,  os caminhos que descrevem a linguagem, os modelos de aprendizado e a análise das necessidades. (pág.3)

ESP não foi um movimento planejado e coerente, mas um fenômeno que cresceu a partir de inúmeras tendências convergentes. Dentre elas, identificam-se três principais: 

(a)  As demandas de um novo mundo
Com o final da Segunda Guerra Mundial em 1945, surgiu uma era de enormes expansões das atividades científicas, tecnológicas e econômicas em escala internacional. Essa expansão criou um mundo unificado e dominado por duas forças – tecnologia e comércio – as quais geraram um rápido progresso e uma demanda por uma língua internacional. À língua inglesa coube o papel de língua franca nesse momento devido à força econômica dos Estados Unidos no mundo pós-guerra. (pág.6)

O aprendizado de uma língua estrangeira até esse momento era procurado por prazer ou por prestigio. Saber uma língua estrangeira era visto como sinal de uma educação esmerada.  A partir do pós-guerra e consequentemente as mudanças trazidas por essa nova era,  o aprendizado de uma língua estrangeira, neste caso específico a língua inglesa, passou a ser visto de um modo prático _ saber a língua para poder navegar no seu campo de expertise. Desse modo, um novo tipo de estudante surgiu: aprendizes que sabiam exatamente por que precisavam  da língua inglesa  – homens e mulheres de negócio que queriam vender seus produtos; mecânicos que tinham que ler manuais de instrução, médicos que precisavam acompanhar os desenvolvimentos de sua área e inúmeros estudantes cujos cursos continham livros e jornais disponíveis apenas em inglês. (pág.6)

Este crescimento foi acelerado pela Crise do Petróleo no início dos anos 70, a qual resultou em um fluxo de fundos e a expertise do Ocidente dentro dos países ricos em petróleo. O ensino de língua inglesa tornou-se um grande negócio nessa nova ordem mundial gerando uma  pressão comercial por cursos restritos no tempo de duração e nos custos, com objetivos bem definidos. (pág.7)

(b) A revolução na linguística
Ao mesmo tempo em que a demanda dos cursos de inglês para fins específicos estava crescendo, novas ideias começaram a emergir dos estudos da linguagem. Tradicionalmente, o objetivo da linguística era descrever as regras do uso do inglês, ou seja, a gramática. Entretanto, novos estudos trouxeram à tona ferramentas de uso de linguagem para identificar os reais usos na comunicação. (pág.7).

É possível determinar as funcionalidades das situações específicas e então, fazer dessas funcionalidades as bases do curso desses aprendizes. (pág.7)

Diga-me para que você precisa do inglês e eu direi a você o inglês que você precisa, tornou-se o princípio básico do ESP. (pág.8)

(c)  Foco no aprendiz
Novos desenvolvimentos em psicologia educacional também contribuíram para o crescimento do ESP, enfatizando a importância central nos aprendizes e suas atitudes para o aprendizado. (pág.8)

A premissa desta abordagem era a clara relevância de que o curso de inglês para as necessidades dos aprendizes melhoraria sua motivação tornando assim o aprendizado mais rápido e melhor. (pág.8)

Desenvolvimento do ESP

Desde o início dos anos 60, ESP registrou 3 fases principais de desenvolvimento. Agora (1987) estamos vivendo a quarta fase com a quinta prestes a emergir. (pág.9)

O ESP se desenvolveu com diferentes velocidades em diferentes países. (pág.9).

Há uma área de atividade que foi particularmente importante para o desenvolvimento do ESP. Essa área é usualmente conhecida como EST (inglês para Ciência e Tecnologia). (pág.9)

Fase 1: O conceito de linguagem especial – registro de análises

Principais autores:
Halliday, MacIntosh and Strevens (1964)
Ewer and Latorre (1969)
John Swales (1971)

Ponto principal: identificação da gramática e das funções lexicais dos registros (Exemplo: Electrical Enginnering e Biology). (pág. 9 e 10)

A obra Course in Basic Scientific English (Ewer and Latorre) constatou uma tendência particular de formas como o presente simples, a voz passiva e os substantivos compostos. Entretanto, o estudo não revelou nenhuma forma que não fosse encontrada no General English. O objetivo principal era produzir um programa que priorizasse as forma de linguagem que seriam encontradas pelos alunos de Ciências e oferecer uma prioridade menor às formas que não seriam encontradas. Eles verificaram que os livros de textos negligenciavam algumas formas de linguagem comumente encontradas em textos de Ciências, tais como: substantivos compostos, voz passiva, condicionais, verbos anômalos (verbos modais). A conclusão foi que o curso de ESP deveria, portanto, dar precedência a essas formas. (pág.10)

Fase 2: Além da sentença - retórica ou análise do discurso

Principais autores:
Henry Widdowson (1974)
Louis Trimble, John Lackstrom e Mary Todd- Trimble (1985)

Agora a atenção estava voltada à compreensão de como as sentenças são combinadas em um discurso para produzir sentido. Identificam-se os padrões organizacionais no texto e esse material fará parte do curso de ESP. (pág.11)

Fase 3: Análise da situação-alvo

Situação alvo é aquela na qual os aprendizes usarão a língua que eles estão estudando, portanto o curso de ESP deveria primeiramente identificar essas situações-alvo e então executar uma rigorosa análise das funções linguísticas da situação. As funções identificadas formariam parte do programa do curso de ESP. Esse processo é conhecido normalmente como “needs analysis”. (pág.12)

Obra importante:
John Munby (1978): Communication Syllabus Design
O modelo de Munby produz um perfil detalhado das necessidades dos aprendizes em termos de propostas de comunicação, significados da comunicação, ferramentas de linguagem, funções, estruturas, etc. (pág.12).

A análise da situação alvo representou certa maturidade para o ESP. O que havia sido feito de forma precipitada, estava agora sistematizado e a necessidade do aprendiz aparentemente colocada como objeto principal do design do curso. (pág.12).

Fase 4: Habilidades e estratégias

O quarto estágio do ESP foi uma tentativa de olhar além da superfície e considerar não a linguagem propriamente dita, mas o processo de planejamento que sobressai no uso da língua. (pág.13)

Não há uma figura dominante neste movimento, embora seja possível destacar os trabalhos de Françoise Grellet (1981), Christine Nuttall (1982), Charles Alderson e Sandy Urquhart (1984), com importantes contribuições para a habilidade de leitura.  Muitos dos trabalhos na área de habilidades e estratégias, entretanto, foram conduzidos por meio de projetos, tais como: National ESP Project Brazil e University of Malaya ESP Project e o ESP Project at King Mongkut’s Institute of Tecnology in Bangkok, Tailândia  Os dois primeiros projetos utilizaram a  língua materna (L1) como meio de instrução para o desenvolvimento de estratégias de leitura, pois os alunos precisavam ler grande quantidade de textos especializados disponíveis apenas em inglês. Os projetos tinham, portanto, seus esforços concentrados em leitura. (pág.13). Por outro lado, o Projeto de ESP desenvolvido na Tailândia focou nas quatro habilidades.

A principal ideia que sustenta  uma abordagem centrada em  habilidades é que por trás de qualquer uso da língua há processos de raciocínio e interpretação, que, indiferente da forma com que se apresentam, nos permitem extrair significados a partir do discurso. Não há, portanto, a necessidade de focar em especial  na superfície das formas linguísticas. O foco deveria ser nas estratégias interpretativas, as quais possibilitam ao aprendiz lidar com as formas gramaticais, por meio de outras ferramentas: encontrando o significado de palavras do contexto; usando um layout visual para determinar o tipo de texto; explorando cognatos; etc. (pág. 13).

Em termos de material, essa abordagem geralmente coloca ênfase nas estratégias de leitura e escuta. (pág. 14).

Fase 5: A abordagem centrada na aprendizagem

Ao se esquematizar a origem do ESP identificam-se  três forças, as quais podem ser caracterizadas como: NECESSIDADE, NOVAS IDEIAS SOBRE LINGUAGEM e NOVAS IDEIAS SOBRE APRENDIZADO.  (pág. 14)

A preocupação do ESP não é com o uso da linguagem – embora isso ajudará a definir os objetivos do curso. Sua preocupação é com o aprendizado da linguagem. Não podemos simplesmente presumir que descrevendo e exemplificando o que as pessoas fazem com a linguagem elas serão capazes de aprendê-la. Se isso fosse possível, precisaríamos apenas ler um livro de gramática e um dicionário para aprender o idioma. A validade da abordagem do ESP deve ser baseada na compreensão do processo de aprendizagem da linguagem. (pág. 14)

ESP: TRATA-SE DE UMA ABORDAGEM E NÃO DE UM PRODUTO

ESP faz parte do ELT (English Language Teaching) e está dividido em dois tipos principais (pág. 16):

è English for academic study (EAP - English for Academic Purposes)
è English for work/training  ( EOP - English for Occupational Purposes / EVP - English for Vocational Purposes / VESL - Vocational English as a Second Language)

Em um próximo nível é possível distinguir os cursos de ESP pela natureza da especialidade de seus aprendizes. Três grandes categorias identificadas são (pág. 16):

è EST (English for Science and Technology)
è EBE (English for Business and Economics)
è ESS (English for the Social Sciences)

Todas as variações de ESP tem um traço em comum que é a comunicação e a aprendizagem  (pag. 18)

Definição de ESP:

(a)  ESP não se trata do ensino das variedades específicas do Inglês. O fato de a língua ser usada para uma finalidade específica não implica que esta seja uma forma especial da linguagem, diferentemente de outras formas. Embora alguma característica particular possa ser identificada como “típica” de um contexto de uso  que possa vir a ser encontrada na situação alvo.  (pág. 18)
(b) ESP não é apenas terminologia  de Ciências, de hotelaria ou gramatica especifica dessas duas áreas exemplificadas. É necessário distinguir o que é performance (atuação) e compentence  (competência)   i.e. há uma diferença entre o que as pessoas fazem realmente com a língua e a variação de conhecimento e habilidade da qual elas são capazes. (pág.18)
(c)  ESP não é diferente de qualquer outra forma de ensino de linguagem, isto é, deve estar baseado primeiramente nos princípios da eficiência e eficácia do aprendizado. (pág.18)

ESP deve ser visto como uma abordagem e não como um produto. ESP não é uma linguagem ou metodologia em especial, nem consiste em um tipo particular de material didático. Trata-se de uma abordagem do aprendizado da linguagem, baseado nas necessidades do aprendiz. A fundamentação de todo ESP baseia-se em uma simples questão:
Por que o aprendiz precisa aprender a língua estrangeira? (pág.19)


HUTCHINSON, T.; WATERS, A. English for Specific Purposes: A Learning-
Centred Approach. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.

Elaborado por: Cibele Ortega e Mariangela Masin

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