English
for Specific Purposes
A
learning-centred approach
Tom
Hutchinson and Alan Waters (1987)
O
foco do design do curso de ESP está nas necessidades
dos alunos e como qualquer outra forma de ensino de línguas está preocupado
com a aprendizagem. ESP [ou Abordagem
Instrumental como é conhecido no Brasil], entretanto, está preocupado por que (what) o aprendiz/aluno precisa aprender e não como (how) ele aprende. ESP envolve, portanto, os caminhos que descrevem a linguagem, os
modelos de aprendizado e a análise das necessidades. (pág.3)
ESP
não foi um movimento planejado e coerente, mas um fenômeno que cresceu a partir
de inúmeras tendências convergentes. Dentre elas, identificam-se três
principais:
(a) As demandas de um novo mundo
Com o final da Segunda Guerra Mundial em 1945, surgiu uma era de enormes
expansões das atividades científicas, tecnológicas e econômicas em escala
internacional. Essa expansão criou um mundo unificado e dominado por duas forças
– tecnologia e comércio – as quais geraram um rápido progresso e uma demanda
por uma língua internacional. À língua inglesa coube o papel de língua franca nesse momento devido à
força econômica dos Estados Unidos no mundo pós-guerra. (pág.6)
O aprendizado de uma língua estrangeira até esse momento era procurado
por prazer ou por prestigio. Saber uma língua estrangeira era visto como sinal
de uma educação esmerada. A partir do
pós-guerra e consequentemente as mudanças trazidas por essa nova era, o aprendizado de uma língua estrangeira,
neste caso específico a língua inglesa, passou a ser visto de um modo prático _
saber a língua para poder navegar no seu campo de expertise. Desse modo, um novo
tipo de estudante surgiu: aprendizes que sabiam exatamente por que precisavam da língua inglesa – homens e mulheres de negócio que
queriam vender seus produtos; mecânicos que tinham que ler manuais de
instrução, médicos que precisavam acompanhar os desenvolvimentos de sua área e
inúmeros estudantes cujos cursos continham livros e jornais disponíveis apenas
em inglês. (pág.6)
Este crescimento foi acelerado pela Crise do Petróleo no início dos anos
70, a qual resultou em um fluxo de fundos e a expertise do Ocidente dentro dos
países ricos em petróleo. O ensino de língua inglesa tornou-se um grande
negócio nessa nova ordem mundial gerando uma
pressão comercial por cursos restritos no tempo de duração e nos custos,
com objetivos bem definidos. (pág.7)
(b) A revolução na linguística
Ao mesmo tempo em que a demanda dos cursos de inglês para fins
específicos estava crescendo, novas ideias começaram a emergir dos estudos da
linguagem. Tradicionalmente, o objetivo da linguística era descrever as regras
do uso do inglês, ou seja, a gramática. Entretanto, novos estudos trouxeram à
tona ferramentas de uso de linguagem para identificar os reais usos na
comunicação. (pág.7).
É possível determinar as funcionalidades das situações específicas e
então, fazer dessas funcionalidades as bases do curso desses aprendizes.
(pág.7)
Diga-me para que você precisa do inglês e eu direi a você o inglês que
você precisa, tornou-se o princípio básico do ESP. (pág.8)
(c) Foco no aprendiz
Novos desenvolvimentos em psicologia educacional também contribuíram
para o crescimento do ESP, enfatizando a importância central nos aprendizes e
suas atitudes para o aprendizado. (pág.8)
A premissa desta abordagem era a clara relevância de que o curso de
inglês para as necessidades dos aprendizes melhoraria sua motivação tornando
assim o aprendizado mais rápido e melhor. (pág.8)
Desenvolvimento do ESP
Desde
o início dos anos 60, ESP registrou 3 fases principais de desenvolvimento.
Agora (1987) estamos vivendo a quarta fase com a quinta prestes a emergir.
(pág.9)
O ESP
se desenvolveu com diferentes velocidades em diferentes países. (pág.9).
Há
uma área de atividade que foi particularmente importante para o desenvolvimento
do ESP. Essa área é usualmente conhecida como EST (inglês para Ciência e
Tecnologia). (pág.9)
Fase
1: O conceito de linguagem especial – registro de análises
Principais
autores:
Halliday, MacIntosh and Strevens (1964)
Ewer and Latorre (1969)
John
Swales (1971)
Ponto
principal:
identificação da gramática e das funções lexicais dos registros (Exemplo:
Electrical Enginnering e Biology). (pág. 9 e 10)
A
obra Course in Basic Scientific English (Ewer
and Latorre) constatou uma tendência particular de formas como o presente
simples, a voz passiva e os substantivos compostos. Entretanto, o estudo não
revelou nenhuma forma que não fosse encontrada no General English. O objetivo principal era produzir um programa que
priorizasse as forma de linguagem que seriam encontradas pelos alunos de
Ciências e oferecer uma prioridade menor às formas que não seriam encontradas.
Eles verificaram que os livros de textos negligenciavam algumas formas de
linguagem comumente encontradas em textos de Ciências, tais como: substantivos
compostos, voz passiva, condicionais, verbos anômalos (verbos modais). A
conclusão foi que o curso de ESP deveria, portanto, dar precedência a essas
formas. (pág.10)
Fase
2: Além da sentença - retórica ou análise do discurso
Principais
autores:
Henry
Widdowson (1974)
Louis Trimble, John Lackstrom e Mary Todd- Trimble (1985)
Agora
a atenção estava voltada à compreensão de como as sentenças são combinadas em
um discurso para produzir sentido. Identificam-se os padrões organizacionais no
texto e esse material fará parte do curso de ESP. (pág.11)
Fase
3: Análise da situação-alvo
Situação
alvo é aquela na qual os aprendizes usarão a língua que eles estão estudando,
portanto o curso de ESP deveria primeiramente identificar essas situações-alvo e
então executar uma rigorosa análise das funções linguísticas da situação. As
funções identificadas formariam parte do programa do curso de ESP. Esse
processo é conhecido normalmente como “needs
analysis”. (pág.12)
Obra
importante:
John
Munby (1978): Communication Syllabus
Design
O
modelo de Munby produz um perfil detalhado das necessidades dos aprendizes em
termos de propostas de comunicação, significados da comunicação, ferramentas de
linguagem, funções, estruturas, etc. (pág.12).
A
análise da situação alvo representou certa maturidade para o ESP. O que havia
sido feito de forma precipitada, estava agora sistematizado e a necessidade do
aprendiz aparentemente colocada como objeto principal do design do curso. (pág.12).
Fase
4: Habilidades e estratégias
O
quarto estágio do ESP foi uma tentativa de olhar além da superfície e
considerar não a linguagem propriamente dita, mas o processo de planejamento
que sobressai no uso da língua. (pág.13)
Não
há uma figura dominante neste movimento, embora seja possível destacar os
trabalhos de Françoise Grellet (1981), Christine Nuttall (1982), Charles
Alderson e Sandy Urquhart (1984), com importantes contribuições para a
habilidade de leitura. Muitos dos trabalhos na área de habilidades e
estratégias, entretanto, foram conduzidos por meio de projetos, tais como: National
ESP Project Brazil e University of Malaya ESP Project e o ESP Project at King
Mongkut’s Institute of Tecnology in Bangkok, Tailândia Os dois primeiros projetos utilizaram a língua materna (L1) como meio de instrução
para o desenvolvimento de estratégias de leitura, pois os alunos precisavam ler
grande quantidade de textos especializados disponíveis apenas em inglês. Os
projetos tinham, portanto, seus esforços concentrados em leitura. (pág.13). Por
outro lado, o Projeto de ESP desenvolvido na Tailândia focou nas quatro
habilidades.
A
principal ideia que sustenta uma
abordagem centrada em habilidades é que
por trás de qualquer uso da língua há processos de raciocínio e interpretação,
que, indiferente da forma com que se apresentam, nos permitem extrair significados
a partir do discurso. Não há, portanto, a
necessidade de focar em especial na
superfície das formas linguísticas. O foco deveria ser nas estratégias
interpretativas, as quais possibilitam ao aprendiz lidar com as formas
gramaticais, por meio de outras ferramentas: encontrando o significado de
palavras do contexto; usando um layout
visual para determinar o tipo de texto; explorando cognatos; etc. (pág. 13).
Em
termos de material, essa abordagem geralmente coloca ênfase nas estratégias de
leitura e escuta. (pág. 14).
Fase
5: A abordagem centrada na aprendizagem
Ao se
esquematizar a origem do ESP identificam-se três forças, as quais podem ser caracterizadas
como: NECESSIDADE, NOVAS IDEIAS SOBRE LINGUAGEM e NOVAS IDEIAS SOBRE
APRENDIZADO. (pág. 14)
A
preocupação do ESP não é com o uso da linguagem – embora isso ajudará a definir
os objetivos do curso. Sua preocupação é com o aprendizado da linguagem. Não
podemos simplesmente presumir que descrevendo e exemplificando o que as pessoas
fazem com a linguagem elas serão capazes de aprendê-la. Se isso fosse possível,
precisaríamos apenas ler um livro de gramática e um dicionário para aprender o
idioma. A validade da abordagem do ESP deve ser baseada na compreensão do
processo de aprendizagem da linguagem. (pág. 14)
ESP: TRATA-SE DE UMA ABORDAGEM
E NÃO DE UM PRODUTO
ESP
faz parte do ELT (English Language
Teaching) e está dividido em dois tipos principais (pág. 16):
è English for
academic study (EAP - English for Academic Purposes)
è English for
work/training ( EOP - English for
Occupational Purposes / EVP - English for Vocational Purposes / VESL - Vocational
English as a Second Language)
Em um
próximo nível é possível distinguir os cursos de ESP pela natureza da
especialidade de seus aprendizes. Três grandes categorias identificadas são
(pág. 16):
è EST (English for
Science and Technology)
è EBE (English for
Business and Economics)
è ESS (English for
the Social Sciences)
Todas
as variações de ESP tem um traço em comum que é a comunicação e a aprendizagem (pag. 18)
Definição
de ESP:
(a) ESP não se trata do ensino das
variedades específicas do Inglês. O fato de a língua ser usada para uma
finalidade específica não implica que esta seja uma forma especial da
linguagem, diferentemente de outras formas. Embora alguma característica
particular possa ser identificada como “típica” de um contexto de uso que possa vir a ser encontrada na situação
alvo. (pág.
18)
(b) ESP não é apenas
terminologia de Ciências, de hotelaria
ou gramatica especifica dessas duas áreas exemplificadas. É necessário
distinguir o que é performance (atuação)
e compentence (competência) i.e. há uma diferença entre o que as pessoas
fazem realmente com a língua e a variação de conhecimento e habilidade da qual
elas são capazes. (pág.18)
(c) ESP não é diferente de
qualquer outra forma de ensino de linguagem, isto é, deve estar baseado
primeiramente nos princípios da eficiência e eficácia do aprendizado. (pág.18)
ESP
deve ser visto como uma abordagem e não como um produto. ESP não é uma
linguagem ou metodologia em especial, nem
consiste em um tipo particular de material didático. Trata-se de uma abordagem
do aprendizado da linguagem, baseado nas necessidades do aprendiz. A
fundamentação de todo ESP baseia-se em uma simples questão:
Por que o aprendiz precisa
aprender a língua estrangeira? (pág.19)
HUTCHINSON, T.; WATERS, A. English for Specific Purposes: A Learning-
Centred
Approach. Cambridge: Cambridge University Press,
1987.
Elaborado por: Cibele Ortega e Mariangela Masin
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